Você deve estar alarmado com o último resultado divulgado de crash-test feito com o carro nacional mais vendido de nosso mercado. Não é para menos, os resultados foram catastróficos. Realizado pelo Latin NCAP, uma entidade internacional independente sediada no Uruguai, que avalia a performance de segurança de todos os carros comercializados em todo o mercado Latino-Americano e Caribe. A associação internacional independente, é patrocinada por bancos e clubes de automóveis de toda a América Latina e não possui nenhum vínculo comercial com os fabricantes de veículos, que apenas cedem os carros testados que são escolhidos aleatoriamente nos pátios das fábricas pela própria instituição. A lisura e a honestidade dos crash-tests são incontestáveis.

Na Europa, a Euro NCAP (Europe New Car Assessment Programme, ou Programa de Avaliação de Carros Novos para a Europa) serviu como referência para a criação do Latin NCAP em nosso continente. É importante ressaltar que os resultados do Euro NCAP não são comparáveis aos do Latin NCAP, mas ambos são igualmente sérios e duros na avaliação dos resultados finais dos carros batidos. O Latin NCAP iniciou o ano de 2016 com normas ainda mais rígidas que tornam os resultados obtidos antes do endurecimento das normas hoje vigentes incomparáveis aos carros batidos antes de 2016. Antes, carros que obtinham 1 ou 2 estrelas nos critérios anteriores, hoje, devido a maior rigidez das normas, ficam sem estrela alguma, na mais completa obscuridade.

Por que, afinal de contas, de uma maneira geral, nossos carros se saem tão mal nessas provas de segurança? Na realidade, estruturalmente nossos carros são frágeis. Mesmo considerando um carro que também é produzido no mercado Europeu, onde os resultados do Euro NCAP podem fazer que o consumidor mude de ideia no momento da compra de determinado modelo, quando produzidos aqui, muitas vezes por questões de custo e processos de produção, as versões tupiniquins perdem reforços estruturais importantíssimos e chegam até mesmo a serem estampados com um aço inferior àquele especificado pela matriz. Tudo com o objetivo de aumentar a margem de lucro. Quem é o culpado? É a indústria? Acredito que não. Acho que o culpado é a nossa lei, que não exige nada da indústria com relação à norma mínima de segurança que os carros vendidos no nosso mercado deveriam atender.

Tanto esse fato é verdadeiro, que quando questionada, nossa indústria costuma ter uma resposta padrão: “Nossos carros atendem as exigências determinadas pela legislação brasileira vigente”. Se eles estão atendendo ao que pede nossas leis, porque é então que deveriam fazer carros que lhes custassem mais? Eles fazem o que manda a lei, independentemente do fato daquele carro ser frágil e, no caso de um acidente, causar ferimentos graves ou até mesmo a morte de seus ocupantes. Acho que a legislação brasileira é que deveria cuidar e normatizar a composição do carro que o brasileiro usa, e não deixar isso por conta da indústria, que faz o que lhe interessa mais economicamente.

Não vamos falar aqui dos carros infelizes que, em caso de batidas, podem ferir ou até mesmo matar seus ocupantes. Vou lembrar de carros em que a fábrica, com méritos, fez a lição de casa e oferece em nosso mercado, produtos que superam em muito nossa frágil e quase inexistente lei de segurança veicular. O Golf, pode ser reverenciado como campioníssimo: Pelas normas antigas e pela norma atual, recebe 5 estrelas para o motorista e passageiro dos bancos dianteiros, com uma pontuação de notas que se aproxima da perfeição (33.30 de máxima 34.00) e outras 5 estrelas para as crianças que vão no banco traseiro (43.52 de máxima 49.00). Um exemplo a ser seguido.

Outro destaque de exemplo a ser seguido é o Honda HR-V, que também consegui 5 estrelas para os ocupantes da frente e para as crianças do banco traseiro.

A picape japonesa Toyota Hilux é outro destaque em segurança veicular, que mesmo com uma pontuação total inferior aos dois citados anteriormente, ainda assim conseguiu obter as 5 estrelas para os ocupantes dos bancos dianteiros e crianças do banco traseiro.

O Jeep Renegade, também mereceu destaque no quesito segurança, brilhou também com as 5 estrelas para os ocupantes dianteiros e traseiros.

Na realidade me orgulharia contar a você, leitor, que todos os carros vendidos em nosso mercado brilhassem com as 5 estrelas da segurança. Mas, infelizmente, tenho que informar que a grande maioria de nossos carros são inseguros. Até quando?